quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Homicídio evidencia o caos do centro histórico


Texto: Maiana Belo e Girnil dos Santos
Foto : Magda Kaufmann

Para quem imagina que o Centro Histórico de Salvador está revitalizado e que os maiores problemas sociais da cidade nem chegam lá perto. Está enganado! O local ainda é ponto de drogas, prostituição e agressões com morte. Ontem um morador de rua, com aproximadamente 30 anos foi morto, por volta das 16h, na Praça da Sé. Após luta corporal, Clone, como era conhecido, foi atingido pelo seu oponente a facadas, o vulgo Ceará. Este, primeiramente, foi detido pela Guarda Municipal ainda no local do crime, com a chegada dos policiais, a prisão foi efetivada. A vítima esperava o socorro da Samu que chegou poucos minutos após o acontecido, mas o rapaz já estava morto.

Algumas pessoas que estavam no local, afirmam que o homem, era dependente químico, praticava pequenos delitos e era ex-presidiário. Transeuntes ainda dizem que a quantidade de policiais disponíveis na Praça da Sé é insuficiente, comparado a extensão e problemas que se encontram na área como: cenas de sexo explícito durante o dia, pequenos furtos, tráfico de drogas e prostituição. Conforme policiais, os dois homens realmente ficam na área e no momento em que o único policial de plantão da Praça foi atender outra ocorrência, aconteceu à agressão que culminou em morte. Às 17h15 a delegada plantonista da Deltur, Belª Fabiana chegou juntamente com a perita.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A cidade veste vermelho




Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com


Salvador amanheceu, no dia 4 de dezembro, pintada de vermelho em homenagem a Santa Bárbara, patrona do Corpo de Bombeiros. A população compareceu a procissão vestida com alguma peça na cor vermelha em reverência a santa. Esta festa abre o circuito de festas populares de Salvador e tem um grande número de adeptos fervorosos que travam verdadeiras lutas corporais para tocar, com as mãos, o adro de Santa Bárbara.

Confira nas imagens da procissão que aconteceu às 10:00 horas no centro histórico de Salvador, após a missa festiva. Depois foi servido um caruru, composto de milhares de quiabos, no Mercado Santa Bárbara na Baixa dos Sapateiros. No candomblé, Santa Bárbara é representada pela figura de Yansã e a saudação “eparrei” ecoa em harmonia com as palmas dos católicos.

domingo, 21 de novembro de 2010

Preconceito econômico

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

O PIB brasileiro divulgado pelo IBGE mostra a grande disparidade na distribuição de renda no Brasil. Não apenas desigual em se tratando de pessoas. É também, e, principalmente regional. O Distrito Federal tem a maior renda brasileira R$ 45.977,59, mais que o dobro da segunda maior renda per capita brasileira que é de R$21.182,68. E sabem em qual região está esta renda? – na sudeste, claro. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais fazem parte deste circulo privilegiado.

A região nordeste é a detentora da menor renda per capita do Brasil com apenas R$ 7.487,55, ou seja, praticamente três vezes menor que a renda da região sudeste e seis vezes menor que a campeã brasileira – o Distrito Federal.

Há alguns anos, o nordeste brasileiro era conhecido nacionalmente pelo chamado “voto de cabresto” em alusão ao poder de uma classe dominante sobre o povo. Hoje, continuamos com a mesma falta de políticas publicas voltada para o desenvolvimento da região, o que se encontra espelhado nesses números. A consequência é que somos campeões em recebimentos de cesta básica e bolsa escola. Somos campeões de miséria e pobreza. Ou seja, somos campeões em recebimentos de esmolas.

Faltam incentivos para a instalação de indústrias de transformação empregar e formar uma mão de obra especializada e capaz de atender tal demanda. O nordeste brasileiro não pode continuar no papel de fornecedor de insumos e mão de obra para as fabricas do sul do país.

O preconceito tem aqui seu primeiro e decisivo passo. O que esperar de uma população que vive em uma situação tão diferente das outras regiões brasileiras?

sábado, 9 de outubro de 2010

Castrar é única opção para diminuir população

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Uma única cadela pode gerar até 600 descendentes e uma gata até 2000, em apenas dois anos de existência. Essa enorme quantidade de animais, que em grande parte são abandonados nas ruas por seus donos, sofre todo tipo de maus-tratos, e a única forma de controlar essa crescente população é através da esterilização das fêmeas e da educação da população, visando uma posse responsável, explica a ONG Célula Mãe.

Maltratar animal é crime previsto no artigo 32 da Lei Federal nº 9.605 de 1998, que disciplina os crimes ambientais. O contraventor pode ser punido com detenção que vai de 3 meses a 1 ano e multa. Reforçando essa lei, existe o decreto Federal 24.645/34, que reza em seu artigo 1º que todos os animais existentes no país são tutelados pelo Estado.

Mas, não apenas os animais correm risco nas ruas. O ser humano é diretamente ameaçado por esses animais que, sem os devidos cuidados, tornam-se transmissores de diversas doenças, entre elas, a raiva e a leishimaniose.

Prevenindo a proliferação de cães e gatos, existem diversas ONG’s que fazem um árduo e dispendioso trabalho nas ruas, principalmente em regiões mais pobres da cidade. Infelizmente, as organizações reclamam que não recebem auxílio financeiro da Prefeitura de Salvador e apenas uma ONG tem pequena ajuda da Secretária de Saúde do Estado (SESAB), o que vem dificultando os trabalhos dessas organizações como a vacinação, esterilização e recolhimento de animais das ruas de Salvador.

A prefeitura oferece o serviço gratuito de esterilização de pequenos animais em uma única clínica conveniada. É a “Vida Animal”, situada em Amaralina. O proprietário do animal, interessado no serviço de castração, deve ligar para o 160 (disque saúde), e anotar o número de protocolo agendando o dia em que deve ir ao Centro de Controle de Zoonose Municipal, que fica na Vasco da Gama, 4209. Na data marcada, precisa comparecer ao complexo, onde, após fazer um cadastro, recebe a autorização para levar seu animal à clinica veterinária, em Amaralina.

Além da pouca divulgação, esse procedimento dificulta, ou até mesmo inviabiliza, que a população leve seus animais dos subúrbios até o local da cirurgia, por não contarem com transporte de ida e volta para os mesmos. As organizações de proteção animal questionam quanto a dificuldade, enfrentada por pessoas carentes, de levar uma cadela de 20 ou 30 quilos a Amaralina e trazê-la de volta recém-operada, ou até mesmo o transporte de uma gata sem material adequado.

Já a Célula Mãe, através de convênio de cooperação com a SESAB, consegue esterilizar até 300 animais por mês, em bairros carentes de Salvador e região metropolitana. “Organizamos mutirões nos bairros, buscamos os animais e devolvemos ao mesmo local depois de operados”, informa Janaína Rios, presidente da ONG.

Esse número de castrações é, sem dúvida, muito baixa em virtude do grande espaço geográfico e quantidade de animais existentes. Estima-se que a população de animais de rua, apenas em Salvador, chegue a 70 mil, esclarece Ana Claudia Almeida, presidente da ONG Animalviva que, através de doações de particulares, consegue esterilizar, mensalmente, alguns cães e gatos, além de realizar programas de conscientização dos direitos dos animais, em escolas e associações da periferia.

Para entrar em contato:
Prefeitura de Salvador ligue Disque Saúde 160
ONG Celula Mãe acesse www.celulamae.org.br
ONG Animal Viva acesse www.animalviva.org
Abrigo São Francisco de Assis acesse http://www.abpabahia.org.br/

sábado, 2 de outubro de 2010

E meu voto, vai pra onde?

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com


Segundo o Estadão, a maior parte dos 1248 candidatos que tiveram os registros de candidatura negados, foi em virtude da Lei da Ficha Limpa. Para todos nós brasileiros, um grande alivio!

No entanto, como explicar que podemos votar em 336 candidatos a deputado e 29 ao senado, mas que esses dependem de julgamento para assumirem o mandato?
E os 15 candidatos a governador, 769 candidatos a deputado estadual e 28 candidatos a deputados distrital do Distrito Federal, aguardando parecer definitivo dos casos pendentes e julgamento de recurso?

Esse enorme número de políticos que fizeram campanha, convenceram o povo, e que com certeza receberão votos, mas que, no entanto nem o próprio TSE sabe informar o que será feito deles. Vão virar lixo eletrônico?

Imagine o sentimento de um cidadão que acreditou em um determinado político, votou nele pensando ser a melhor opção e, depois recebe a informação de que o mesmo não tem condições de ser diplomado em caso de vitória.

É simplesmente frustrante e desmotivador para o eleitor!

Se a situação atual fosse durante as eleições de prefeitos e vereadores, como será em dois anos, com certeza teríamos diversos casos de morte nos interiores brasileiros já que nesses lugares a política é movida pela “paixão”.

Resta-nos esperar que essa situação não se repita. Que não se aceitem candidatos sobre os quais exista alguma dúvida sobre sua honestidade, ética, enfim, uma conduta e um currículo em que se possa confiar o destino de nossa nação.

Precisamos moralizar a política brasileira e isso só é possível através da transparência, da moralidade e da Ética.

Apenas uma reflexão

"O MAIOR CASTIGO PARA AQUELES QUE NÃO SE INTERESSAM POR POLÍTICA É QUE SERÃO GOVERNADOS PELOS QUE SE INTERESSAM." (Arnold Toynbee)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Cargo político hereditário

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Este ano vamos eleger o novo presidente, ou presidenta. Dois senadores, um deputado federal e um deputado estadual.

Sinceramente, com o enorme número de candidatos e candidatas, com todo aquele bombardeio de promessas nas mídias, com a grande capacidade e boa vontade, além claro, da simpatia e humildade que todos demonstram, tenho muita dificuldade de decidir em quem devo votar.

Cada um de nós tem o nobre dever, digo direito, de eleger 5 políticos, dentre as centenas em “oferta”. Mas, e a escolha entre tanta “gente boa”? Como decidir corretamente dentro da enorme quantidade de candidatos? Quem é verdadeiro? Bem intencionado? Quantos eles são? Será que conheço todos?

Só de números tenho que memorizar 17, ou, como o TRE aconselha fazer uma “cola”. Admito que vou fazer a tal da “cola”, e, acredito que todos farão o mesmo, pelo menos aqueles que pretendem votar.

Mas, além dessas dúvidas tenho algumas outras que, para dirimi-las, estou em busca da ajuda dos “universitários”. São as seguintes:

• O Presidente da República, deputados e prefeitos têm mandato de 4 anos e apenas os senadores possuem a prerrogativa de mandato de 8 anos. Em minha ignorância não consigo entender o porquê. Será que alguém poderia me explicar o que justifica 8 anos de mandato de um senador?

• O senado é para mim inexplicável também em sua hereditariedade. Não consigo compreender porque existe um chamado “suplente”, que traduzo como vice-senador, não é eleito pelo povo, mas sim indicado pelo próprio senador. De vez em quando somos surpreendidos por nomes de ocupantes de cadeiras no Senado que nunca ninguém ouviu falar e, descubro que, eram familiares ou amigos, suplentes do senador fulano ou do senador beltrano, que se afastou por este ou aquele motivo. Só que estes “familiares” ficam no senado pelo resto do mandato votando e determinando o futuro de nossa nação. Será que alguém pode me explicar o que justifica a existências de tais “suplentes”?

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Está tudo ótimo, obrigada!

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com


É fantástico. Somos um país perfeito, excepcional. Vocês não acreditam? Para confirmar basta assistir o horário gratuito de publicidades das próximas eleições. Nunca avançamos tanto na área da educação. Saúde então, coisa de primeiro mundo. No quesito segurança contamos com uma polícia equipada, treinada e bem remunerada. Quantidade mais do que suficiente de policiais para atender a população.

Vocês não concordam?

Como explicar então as pesquisas? Como explicar que o governo tem tão alto índice de aprovação? Onde estão os descontentes que não aparecem nas pesquisas? Por quê?

Somos Alice no País das Maravilhas! Mas o sonho acaba e algum dia vamos acordar. Não é possível viver eternamente dormindo em “berço esplêndido”.

sábado, 14 de agosto de 2010

Estatística não condiz com a realidade

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Comerciantes, moradores e mesmo os policiais, são unânimes em afirmar que mais de 50% dos delitos contra os visitantes do Centro Histórico não são registrados. O furto de uma corrente, geralmente com grande carga emotiva para o proprietário, uma máquina fotográfica subtraída, não justifica que a vitima, além do sofrimento da perda, passe de uma a duas horas em uma delegacia, principalmente sabendo que jamais recuperará o objeto furtado.

Além disso, existe o fato do turista estrangeiro ter dificuldade de comunicação e permanecer um curto período na cidade. Os marginais sabem que a vitima vai embora e nunca mais volta à região, deixando espaço para eles agirem sem medo. José Guimarães, morador da região afirma que o meliante retorna, às vezes, após alguns minutos ao local do furto. Ele também esclarece que, já no caso de ser morador ou comerciante da área, o ladrão corre o risco de ser reconhecido depois. Esse é o principal motivo da não ação contra os mesmos.

Através desta lógica, percebe-se que não é possível estabelecer estatisticamente o número de delitos do Centro Histórico de Salvador. Além disso, é muito fácil afirmar que são apenas “pequenos delitos”, quando não se é vitima. Mas, ninguém viaja por vezes milhares de quilômetros para ser alvo desses “pequenos delitos”. Ninguém pagou tão caro para ficar prisioneiro em um hotel. O turista quer andar na rua, vivenciar a atmosfera, o cotidiano de um povo, sua cultura.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sem sede, sem rádios e sem câmaras

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

O imóvel, sede do 18ºBatalhão da Polícia Militar, situado ao lado da parte superior do Plano Inclinado Gonçalves, foi interditado por risco de desabamento, em virtude de rachaduras no prédio e nos terrenos circunvizinhos. Todo o Batalhão foi transferido para um imóvel localizado ao lado do Posto de Saúde. O local, que atualmente abriga o batalhão, não facilita o acesso e o transito das viaturas, não tem estacionamento adequado e não possui área física suficiente.

Até essa data, ainda não se iniciou a reforma do prédio que abrigava o 18ºBatalhão.

Segundo o PM André, (nome fictício), apenas duas câmaras, das 12 instaladas, estão funcionando. Essa situação já passa de dois anos. Conforme o policial, as câmaras, além de monitorarem a região e ajudar na identificação dos marginais, serviam de apoio e a imagem podia também, comprovar o delito. Os computadores necessários para o funcionamento das câmaras, também estão quebrados. Muitos equipamentos foram danificados em virtude da queda de parte do telhado do prédio do Batalhão da Polícia Militar.

Falta também equipamento de comunicação e segurança, como rádios e coletes a prova de balas. Diversos aparelhos estão quebrados - conclui o policial.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Área mais bem policiada da America latina

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Grande parte das reclamações sobre a necessidade de maior número de policiais na área esbarra na afirmação da Secretaria de Segurança Pública, de que o Pelourinho é a região mais bem policiada da America latina. A “sensação de insegurança”, como é chamada pelo poder público em seu discurso oficial, provocada pelos “pequenos roubos” e abordagem excessiva, trouxe o êxodo dos visitantes da área, sejam eles soteropolitanos ou não.

Os vendedores, pseudo guias e pedintes, entre outros, incomodam qualquer transeunte, até mesmo os habitantes de Salvador que, em virtude disto, evitam também a região sendo apontado como grande fator negativo pelos turistas, em pesquisa realizada por estudantes da Faculdade 2 de Julho.

Importunados e roubados, os visitantes se afastam provocando conseqüências geométricas negativas para o setor econômico do turismo que emprega, direta e indiretamente, milhares de pessoas, não apenas moradores do centro, mas, também, da periferia de Salvador.

O fato de o turismo ser um fator que provoca a convergência de marginais de todos os bairros de Salvador para as regiões freqüentadas por turistas, por serem alvos fáceis, é totalmente esquecido. Renner Massa, comerciante da Praça da Sé, diz que os marginais ficam pacientemente aguardando para efetuar o furto, até o momento em que um dos poucos policiais que trabalham na área se distraia ou tenha alguma necessidade fisiológica.

Já Michell Stampaert, proprietário de um café na região, lembra que todos os marginais que agem no Centro Histórico já foram apresentados à DELTUR – Delegacia de Proteção ao Turista. O comerciante diz não entender porque eles continuam agindo livremente – “São sempre os mesmos”, desabafa.

A vitima, depois de roubada, revoltada e indignada, na maioria das vezes não consegue nem mesmo explicar o que aconteceu. “Mas, em seu país, em sua cidade, todos os seus amigos e conhecidos serão devidamente informados da experiência negativa vivida na cidade”, lembra Michell.

sábado, 26 de junho de 2010

Quem é mesmo irracional?

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Os animais não têm culpa, são vítimas até mesmo quando fazem vítimas. Os seres humanos são os responsáveis por seus bichos e são os mentores das ações dos mesmos. São os homens que os ensinam e “educam” para exercer diversas atividades.

Os bichos são utilizados para finalidades nobres - equinos exercem muitos trabalhos; cães ajudam a cegos, exercem salvamentos em deslizamentos, ajudam na aplicação da lei, em ações com a policia, vigiam espaços; gatos controlam pragas urbanas, são dóceis e carinhosos; animais trazem alegrias a enfermos e, são tantas outras atividades que, provavelmente, dariam para preencher algumas laudas, se fosse enumerar como o ser humano utiliza os animais de uma forma decente e respeitosa.

Infelizmente, existem pessoas que não possuem nenhuma sensibilidade e não conseguem reconhecer a responsabilidade e o sentimento que envolve a posse de um animal. Utilizam esses seres na prática do mal e não reconhecem nele um ser vivo que sofre e sente dor. É sempre revoltante quando se verifica como o ser humano é capaz de maltratar um animal, seja ele qual for.

Na madrugada do dia 18 de junho, mais uma vez, a Praça da Sé em Salvador, foi palco de cenas degradantes. Como já denunciado nesse blog e a representantes da Policia Militar, que atua na área, fomos obrigados a presenciar mais uma cena de selvageria, causada por:

Primeiro - pela falta do cumprimento da lei, que obriga os proprietários de cães de grande porte a andarem na rua com esses animais munidos de focinheira. Mas, no entanto, cachorros passam por policiais, impassíveis, que não tomam nenhuma atitude sobre o assunto. São omissos ou será que desconhecem a legislação?

Segundo - pelo poder público, que deixa animais nas ruas da cidade entregues a sua própria sorte, tornando-os alvos de pessoas inescrupulosas e cruéis, para serem atropeladas ou mesmo provocarem acidentes. Esses animais sobrevivem da bondade de algumas pessoas, que lhes fornecem alimento, e do trabalho diversas ONG’s, que se dedicam a amenizar o sofrimento deles.

Resultado da soma desses dois fatores: um “cidadão” tem um pit bull sob seu domínio e incita o animal a caçar gatos. Isso vem acontecendo no coração da cidade, em plena Praça da Sé. Não é a primeira vez, tão pouco a única pessoa a fazer isso. Se o poder público, acredito que o Ministério Público, não tomar uma atitude, continuaremos a ser testemunhas de cenas como a que pode ser visualizada no filme em anexo.

Detalhe – o cachorro já é cego de um olho, vítima de um gato. Perceba que o animal não ataca de imediato por medo do felino. Foi necessário que o dono incitasse, batendo no cão para que ele pegasse o gato.

Moradores e transeuntes, revoltados com a situação, pressionaram os policiais presentes para que o proprietário do cão fosse conduzido à delegacia. O delegado plantonista, ao verificar a ficha do “cidadão”, constatou que o mesmo já possui oito passagens pela delegacia e responde a seis processos, inclusive tráfico de drogas.

Façam, cada um de nós um pouco. Tenham posse responsável de seus animais e no caso de presenciarem abusos, denunciem. Não podemos admitir que, em pleno século XXI, sejamos obrigados a conviver com verdadeiros “animais”, que se utilizam da irracionalidade de “colegas” para praticar o mal.

terça-feira, 15 de junho de 2010

E nada mudou...

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Quando o cantor Caetano Veloso divulgou, em rede nacional, crítica a atual situação de abandono em que se encontra o Centro Histórico de Salvador, o fato reacendeu o interesse da mídia pelo local, ícone do turismo do estado, reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

Em 2006, a ACOPELÔ – Associação dos Comerciantes do Centro Histórico – já havia protagonizado, na Câmara dos Vereadores da Cidade de Salvador, uma Sessão Especial, no intuito de chamar a atenção dos poderes públicos sobre os problemas enfrentados na região. Nessa sessão, comerciantes e moradores, munidos de documentação fotográfica, leram um texto de cinco laudas, nos quais descreviam a situação da área.

Apesar dos apelos, nenhuma providência foi tomada pelo poder público.

Ao assumir a Secretaria de Cultura do Estado, Márcio Meirelles, declarou que o Centro Histórico, deveria se tornar um bairro como outro qualquer. Os moradores e comerciantes protestaram e tentaram dialogar, apontando para a importância cultural e econômica da região. O discurso e as ações do secretário Márcio Meirelles não mudaram. Os interlocutores que criticavam a visão do gestor eram e são ainda, colocadas como criticas de cunho político, lembra Lener, Presidente da Acopelô.

“Infelizmente o Centro Histórico foi relegado ao campo político, faltando o reconhecimento de sua importância cultural, social e econômica”, reclama Lener. As reclamações endereçadas ao governo atual foram sempre vistas como fatos políticos. Faltaram aos gestores o discernimento e a visão, para reconhecer a dimensão do assunto e ouvir os atores do Centro Histórico, que são os maiores conhecedores e interessados no desenvolvimento da região, de acordo com Lener.

“Gastaram-se muito com projetos, câmaras temáticas, encontros com convidados internacionais e, o mais importante, o que todos clamavam – segurança - não foi atendido”, conclui o Presidente da Acopelô.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Segurança – a pior nota do Brasil

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

No ano de 2009, o Brasil ficou no 45º lugar no ranking mundial de competitividade do turismo, em pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial (FEM) e, em relação aos países Americanos, ficou com o 5º lugar. No total, foram analisados 133 países do mundo, em diversos itens, entre eles segurança. Neste quesito, o Brasil amargou a posição 130º, atrás de países como África do Sul e Rússia.

Vale, ainda, ressaltar que o Brasil, em quesito de recursos naturais, ficou em 2º lugar e ocupou a 14º posição no fator que se refere recursos culturais, na avaliação geral.

Esse resultado vem reafirmar o potencial brasileiro para o desenvolvimento da indústria do turismo no país, necessitando que os governos invistam, urgentemente, em segurança.

Recorde através do turismo internacional


Enquanto o país festejou uma entrada recorde de dólares através do turismo internacional, em 2008, segundo dados do Instituto Brasileiro de Turismo, o Centro Histórico de Salvador amargou uma triste fase. Diversos estabelecimentos comerciais fecharam as portas definitivamente ou migraram para outras regiões.

A tabela abaixo mostra o crescimento dos gastos de turistas estrangeiros no Brasil entre 2003 e 2008, segundo o Banco Central:



O turismo como atividade econômica, geradora de emprego e renda, merece mais cuidado dos gestores e, o Centro Histórico de Salvador é ponto de convergência dos turistas. É para lá que os visitantes se dirigem em busca dos museus, para se deliciar em um dos restaurantes, ouvir música, permanecer na atmosfera de um dos seus hotéis ou pousadas, ou simplesmente andar pelas ruas seculares.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Liberdade de expressão

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

No século XVIII, precisamente em 1789, a França lançou a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, constando no artigo 11 o texto: “A livre comunicação das idéias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem”. Mais tarde, em 1948, foi adotada e proclamada, na Assembléia Geral das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos que, em seu artigo 19 declara: “Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opinião e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

Aqui no Brasil, temos esse direito reafirmado pela Constituição Federal de 1988, em incisos de seu artigo quinto e no artigo 220, que estabelecem o direito inalienável dos cidadãos de comunicar-se livremente, estabelecendo vetos explícitos a qualquer forma de censura.

É triste quando, em pleno século XXI, nossa civilização como um todo, ainda não conseguiu reconhecer esse direito à liberdade de opinião entre outras. Nessa lista encontram-se, por exemplo, nossos amigos de Cuba, Venezuela e Irã. O caso mais recente remete a Cuba, quando o preso político, Orlando Zapata Tamayo, tentou através do protesto da greve de fome, chamar a atenção do mundo para a situação em seu país e acabou morrendo. Seu único crime foi ser de opinião contrária ao poder.

Portanto, amigos leitores, são da pluralidade de pontos de vista, no respeito às diferenças, entre muitas outras coisas, que se baseia a construção da democracia e da cidadania. Como jornalistas, aprendemos e exercitamos ouvir opiniões contrárias, despidos de preconceitos, para, então, formar um pensamento crítico.

A vigilância da democracia, dos Direitos Humanos, é uma das tarefas do jornalista e, como tal, estarei sempre expressando minha opinião.

Abaixo parte dos artigos 6º e 7º do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, que pode ser acessado através do endereço: http://www.fenaj.org.br

Art. 6º É dever do jornalista:
I - opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos;
II - divulgar os fatos e as informações de interesse público;
III - lutar pela liberdade de pensamento e de expressão;
(...)
Art. 7º O jornalista não pode:
(...)
II - submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação;
III - impedir a manifestação de opiniões divergentes ou o livre debate de idéias;
(...)

sábado, 22 de maio de 2010

Responsabilidades de um gestor

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

“Não sou responsável pelo destino do Pelourinho porque ninguém é responsável pelo destino de nada. O destino é um conjunto de acontecimentos que parecem prévia e inexoravelmente traçados”. Márcio Meirelles.

Foi com grande perplexidade que li essa declaração de nosso Secretário de Cultura. Ela denota a falta de percepção de quem foi nomeado gestor, o que, segundo o dicionário Aurélio, significa – gerente ou administrador e, como tal, exerce seu poder de comando no processo decisório.

Acredito que nosso secretario esteja esquecendo que ele é gestor público, nomeado para a Secretaria da Cultura, responsável pelo IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico Cultural, que administra e é o principal responsável pelo Centro Histórico de Salvador.

Sobre esse assunto, gostaria de registrar a afirmação de um autor da área de administração: “Subjetivamente, a administração pública é o conjunto de órgãos a serviço do Estado, agindo in concreto para satisfação de seus fins de conservação, de bem estar individual dos cidadãos e de progresso social.” (MEIRELLES, 1983:83).

Secretário, por favor acorde. Você é o principal responsável por tudo de negativo que está ocorrendo no Centro Histórico de Salvador. A vida real não é uma peça de teatro e a região não pode se transformar em espetáculo do tipo – “Ó pai Ó”, no qual as pessoas retratadas não estão em condições, nem ao menos, de prover o próprio sustento.

Aqui não existe espaço para personagens teatrais, irreais. A realidade é dura e competitiva. Muitas pessoas estão vendo suas vidas ruindo. Empregos estão desaparecendo. O turismo, que em qualquer parte do mundo é bem vindo por trazer divisas e emprego, aqui está recebendo um tratamento marginalizado. O turista é mal tratado, roubado e afugentado do Centro Histórico. Os gestores, secretário Marcio Meirelles, a sua secretaria, é a maior responsável por isso. A administração está sendo omissa e ineficiente, denotando falta de visão empresarial, cultural e social.

Não podemos esquecer que o turismo é um dos grandes responsáveis pela manutenção financeira de equipamentos culturais de uma cidade. Não devemos esquecer o quanto de empregos diretos e indiretos são mantidos pelo turismo. Não contabilizar a parte econômica e o reflexo social advinda do turismo é, por assim dizer, no mínimo, ignorância e falta de capacidade administrativa.

Caso ainda não consiga visualizar sua responsabilidade e sua ingerência no assunto Centro Histórico, é melhor, então, entregar o cargo de Secretário de Cultura e voltar a fazer teatro. Apenas nele existe espaço para fantasias e criações irreais.

sábado, 15 de maio de 2010

Agora é tarde. Inês é morta

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com


Anos de reclamações e nenhum crédito. Nem ao menos eram ouvidos, reclamam unanimemente os comerciantes do Centro Histórico de Salvador, tratados sempre como desafetos políticos ao reivindicar algo.

Promessa de projetos, as famosas câmaras temáticas, onde os participantes saiam com a impressão de que só foram cumprir o papel de estar lá, pois as cartas já haviam sido distribuídas antes. . Uma melhora única - a iluminação, mas, mesmo assim ainda deficitária. Limpeza só o essencial. E o que todos clamavam, mais segurança, não acontecia.

E agora Wagner? É no final do seu governo que você espera que se acredite em alguma boa intenção? E porque tudo isso? Apenas porque foi Antonio Carlos Magalhães, o mentor da renovação do Centro Histórico? É muita mediocridade política.

Não faltaram avisos, pedidos. Há muito que o Centro Histórico pede socorro em vão. Foi preciso que Caetano Veloso, com sua sensibilidade, erguesse sua voz, ou melhor, sua caneta para apontar nacionalmente o que nós vivenciamos todo esse tempo. Foi preciso que alguém do mesmo partido que Wagner tivesse a coragem de dizer – Ops, isso não está certo. O Centro Histórico, Patrimônio da Humanidade, exige ser tratado com respeito. O povo merece que sua história seja preservada com dignidade.

Esse discurso de que os moradores antigos foram postos para fora em 1994 e que a reforma devia ser feita assim ou assada, cansou. Já se passaram 17 anos. Vamos mudar o disco. Faça melhor.

As luzes estão se apagando – agora Inês é morta!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Retrocesso agendado

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

O nosso sistema político provoca um retrocesso total na nação no início e fim dos mandatos. A cada nova eleição tudo fica estagnado e, muitas vezes, o que foi construído com o erário público, nosso dinheiro, é relegado ao abandono, em uma mistura de orgulho medíocre e irresponsabilidade política.

Os ministros, secretários e os diversos cargos de confiança, até então ocupados por eles, são entregues aos companheiros fiéis, que atuam quase como marionetes. Os ex-ocupantes continuam manobrando tudo e deixando as autarquias trabalharem a favor de suas eleições.

Quando eleitos, as desculpas nunca mudam. Para começar, alegam falta de capital e que encontraram a “casa” um caos, em virtude da péssima administração anterior. Começa também, a dança de nomeações e premiação dos que mais trabalharam nas eleições ou são indicados pelos partidos “a” ou “b”, que fazem parte da coligação.

Entre o “assentamento de poeira” e o trabalho de fato, passa de um a dois anos. Essa é também a fase de definição sobre a política que, esse ou aquele governo, vai abraçar e a se conhecer quem é “amigo” ou “inimigo”. Ou melhor, quem quer puxar o tapete de quem. No terceiro ano, aí sim, o início real de algum tipo de atividade produtiva e, no quarto ano, tudo retorna ao ponto de partida.

Se nos primeiros anos de governo a população reclama alguma coisa, não é ouvida sob a alegação de que não gosta do político que se elegeu. Quem fica sem reclamar é porque apóia ou acredita que, dentro de pouco tempo, alguma coisa vai melhorar. Por fim, a população desiludida esperneia e faz balanço de sua memória afetada pela mídia.

A propaganda política, garantida por lei, interrompe os horários nobres da televisão para convencer o eleitor sobre o quanto eles fizeram e, quanto mais farão no futuro. O povo, acostumado a olhar para a “telinha”, assiste. Absorve as imagens hipnotizantes.

Próximas eleições - ganha quem tem o melhor marqueteiro. A maior quantidade de minutos na televisão. O melhor projeto publicitário. A melhor política de convencimento da massa. É tudo sempre igual - só retrocesso. Mexe-se nas figuras mas não no sistema.

sábado, 1 de maio de 2010

Assaltado ? – A culpa é sua!

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Um colega foi assaltado por três indivíduos, armados com faca, às 22:15, ao sair da faculdade. Levaram dois livros da biblioteca da escola, diversas anotações, uma calculadora, pendrive, celular, canetas e caderno. Nenhuma novidade nessa ocorrência. Não é motivo de nota na mídia pois isso faz parte do dia a dia de Salvador e de outras cidades brasileiras.

Diariamente, centenas de pessoas são assaltadas a qualquer hora ou lugar e, é tão comum, que ninguém presta queixa em uma delegacia. Por outro lado, a falta de registro das ocorrências faz com que as estatísticas não apontem os números reais e o resultado são quantidades, digamos, aceitáveis de assaltos e a não localização dos locais com maior incidência de delitos.

Em contrapartida, somos bombardeados, diariamente, com diversos conselhos sobre como devemos nos comportar para evitar ser mais um no número das estatísticas policiais. As informações chegam por internet, mídia escrita ou televisiva, tipo:

• Não pare na sinaleira do lado do passeio;
• Ande com o vidro do carro fechado;
• Não se aproxime do seu carro se notar alguém estranho nas proximidades;
• Preste atenção se não está sendo seguido;
• Antes de abrir a porta de sua casa, veja se não tem algum estranho por perto;
• Use a bolsa ou mochila na sua frente e segure com firmeza;
• Não passe por ruas escuras;
• Não use celular na rua;
• Não ande distraído;

A lista não tem mais fim. Cresce a cada dia.

É mais fácil para o poder público tornar o cidadão comum paranóico, do que fornecer a segurança que lhe é garantida pela constituição brasileira. O medo e a desconfiança estão estampados no rosto das pessoas. Não temos mais direito em passear pelas ruas de forma despreocupada. Não podemos mais sair. Estamos prisioneiros de um sistema falido por falta de gestão.

E, como se tudo isso não bastasse, caso você seja assaltado e resolva prestar queixa, não se admire quando o policial que ouvir seu depoimento lhe perguntar: e o que você estava fazendo neste lugar, a esta hora? Ou seja, se você não estivesse lá, nada teria acontecido - a culpa é sua.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Entrando pela janela

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

A.S. fechou sua loja e trabalha agora para a prefeitura de Salvador. Não fez concurso. Entrou para o serviço público como milhares de outras pessoas anualmente, através de nomeações que ocorrem todos os dias em nosso país, pela “troca de favores” nos casos de familiares, conveniências e ou arrumações partidárias em outros.

O último concurso para a Câmara de Salvador foi feito há 23 anos, segundo matéria publicada em A Tarde on line de 18/11/2009. Segundo esse site, são atualmente 784 ocupantes de cargos de confiança, o que gera uma despesa mensal de R$ 1,7 milhão - servidores devidamente concursados são apenas 204.

Já na Câmara de São Francisco do Conde, recôncavo baiano, o gasto mensal com os 370 funcionários em cargos de confiança é de R$ 1,05 milhão, conforme denúncia de Marcelo Macedo ao Ministério Público. Consta, também, na denúncia o fato de um conhecido pescador da região ocupar o cargo de chefe de gabinete. Essas informações foram divulgadas nacionalmente em dezembro de 2009, pelo A Tarde, que constatou, ainda, só haver 20 servidores trabalhando no local em horário comercial.

Fatos como os descritos acima acontecem em virtude do inciso II do artigo 37 da Constituição Federal, que deixa brecha a essas nomeações, muitas vezes arbitrárias e que dependem apenas da vontade dos políticos. Não existe nada previsto na lei sobre escolaridade ou especialização para o exercício deste ou daquele cargo e, até mesmo, pessoas analfabetas são contratadas – pois a única coisa que conta é o apadrinhamento familiar ou político.

O professor da Escola Nacional de Administração Pública em Brasília, José Luiz Pagnussat, declarou à www.agenciabrasil.gov.br, que não é apenas o aspecto moral ou comportamental que sofre desgaste com a situação, mas, o empecilho à execução de políticas de médio ou longo prazo, em virtude da rotatividade. O resultado é a ineficiência. Ele lembra, ainda, que normalmente em um regime parlamentarista europeu, não se mudam mais do que 50 cargos.

Apenas um não muda nada

A. S. sabe que sua nomeação depende da permanência de seu parente no cargo em que foi eleito. Ele também tem consciência de que não é uma atitude correta e que o sistema está errado, mas ironiza: “vai mudar alguma coisa se eu não assumir?” E em pouco tempo, como se tivesse alguma coisa mexendo dentro dele, argumenta: “já que estou tendo essa chance, eu pelo menos faço o melhor: sou pontual e procuro ser produtivo, ao contrário do que vejo acontecer com outros que também entraram pela janela e quando muito só fazem bater o ponto”.

A remuneração de A. S., chama-se oficialmente de DAS – Direção e Assessoramento Superior. Os ocupantes desses DAS, também conhecidos como cargos de confiança, são obrigados a contribuir com uma parte do salário - o dízimo - para o partido político a que têm que se filiar. Em 2006, a receita com esse tipo de contribuição chegou a R$ 2,88 milhão para o PT.

Indagado sobre o assunto em recente entrevista, Ronaldo Caiado, líder do DEM na Câmara, declarou que a máquina está sendo utilizada para alavancar a campanha do PT. “O número de funcionários nomeados hoje, serão inviáveis amanhã” – afirma ele. Já Cândido Vaccarezza, líder do PT na Câmara declara: “Os cargos que estão sendo criados são necessários ao andamento da máquina pública.”

Já em outra entrevista, ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em Brasília, em fevereiro deste ano, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, José Antonio Dias Toffoli, afirmou que muitos desses cargos de confiança são desnecessários ou deveriam ser preenchidos por concurso público.

Partidos políticos devem ser responsabilizados

Não existem dados concretos sobre o assunto, e também não importa se o partido é PT, DEM, PCdoB, PSDB, PSOL. Os cargos políticos são o suporte de todos os partidos nos poderes, sejam eles da União, Estados e Municípios, independente do partido. O Brasil tem 5564 municípios e, em 2006, o IBGE informou uma estimativa de 422.821 cargos de confiança a nível municipal. Se incluirmos os comissionados, que é outro nome dos cargos de confiança, das esferas do alto Executivo, Legislativo e do Judiciário o total supera 700 mil e, hoje, provavelmente, passa de 1 milhão.

O coordenador da ONG Transparência Brasil, Fabiano Angélico, lembrou em recente entrevista ao jornalista Augusto Nunes, da revista Veja, que nos EUA só existem 900 cargos de confiança na administração federal desse país, a serem preenchidos pelo presidente e que, a escolha é pautada em critérios rígidos.

“A farra das nomeações serve para comprar o apoio de partidos políticos”, afirma Claudio Abramo, Bacharel em Matemática (USP), mestre em Filosofia da Ciência (Unicamp) e Diretor-executivo da Transparência Brasil. O colunista denúncia ainda que essas nomeações são uma verdadeira “fábrica de corrupção”. Ele afirma que, para se alcançar eficiência na gestão pública, o caminho seria afastar os agentes partidários da ocupação do Estado.

Como mudar essa realidade no Brasil:

• Com o voto consciente.
• Não troque seu voto por favorecimentos nem por promessas para sua comunidade, que depois com certeza serão esquecidas.
• Ouça atentamente diversos discursos e se inteire do que e como age o partido, pois um único político não muda os rumos. Ele precisa de suporte partidário.
• Controle o currículo do político. Veja o que ele fez antes e como agiu em outras épocas. Visite regularmente sites de organizações que visam informar corretamente sem tendências partidárias.
• Certifique-se de que ele não tem envolvimento com falcatruas, processos e desvios de verbas, entre outros.
• Cobre, reclame e vigie o político em que você votou e os outros também. É seu direito e dever como cidadão.
• Exija transparência total das contas públicas.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Nossa memória é curta e as prefeituras omissas.

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com


Os responsáveis por todo espaço urbano são as prefeituras. A elas cabem a fiscalização e o controle do uso do solo. Se alguém quiser fazer uma construção ou reforma em uma casa tem que solicitar permissão ao órgão municipal competente. Apresentar projetos para aprovação, cálculos estruturais, entre outras dezenas de exigências.

Na realidade isso só funciona dessa forma se a sua construção for em um local, digamos, “privilegiado”. Se for em uma encosta ou local insalubre, aí pode-se fazer o que quiser que o fiscal da prefeitura não vai controlar. Eles não enxergam e, o que “olhos não vêem, coração não padece...”

Essa omissão da prefeitura em controlar e fiscalizar o uso do solo urbano é a causadora de todas estas tragédias que, de tempos em tempos, ocupam os noticiários. Discutem-se soluções que, na realidade, todos sabem quais seriam. É cíclico. Tudo é sempre “empurrado com a barriga”, ou seja, o próximo eleito que resolva e sempre com o mesmo pensamento: “não quero me indispor com o povo, assim não perco voto”.

Na hora das tragédias, ninguém sabia que as casas tinham sido construídas, ou que o local era perigoso. Ninguém sabe nunca de nada neste país. Foram construídos acesso, a região foi eletrificada, possui telefone, água e, a depender, linha de ônibus. No entanto, ninguém sabia que aquelas construções existiam. O poder público deixa o cidadão entregue a sua própria necessidade e ignorância, ou, ignorância por necessidade de construir naqueles locais. E depois? Acaba tudo em pizza. Em esquecimento!

As fortunas que são gastas tentando remediar o prejuízo financeiro e o irremediável que são as vidas perdidas, seriam, com certeza, mais que suficientes para proceder com políticas públicas sérias e o saneamento necessário às construções populares para nosso povo tão necessitado de moradias dignas com infra-estrutura descente.

Os projetos urbanísticos só alcançam alguns bairros e, a prova disto, são as enormes distorções dos índices de desenvolvimento humano em uma mesma cidade. Os bairros mais pobres continuam a nascer sem controle e sem planejamento. Como os números de votos contam mais que o fazer “certo ou errado”, pois trata-se aí de uma lógica perversa, quem faz certo não é reeleito por desagradar uma parte da população, vemos a omissão das prefeituras aceitando tudo de grandes comunidades, pois elas são as que têm o poder da reeleição.

Acredito que a solução para o problema venha pelo caminho da diminuição de cargos de confiança e a delegação das secretarias aos técnicos de carreira que não dependem de votos ou política para ocupar as pastas. Com secretarias chefiadas por quem possa ser responsabilizado por suas omissões, em virtude de serem funcionários públicos, e, não políticos que passam pelo poder nomeando secretários de pastas, de acordo com suas conveniências políticas – nunca por méritos ou conhecimento de causa.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tragédia anunciada - Já ouvi isso antes.

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com


Entra ano sai ano e tudo se repete. As manchetes dos jornais, o noticiário das rádios e televisões, sempre a mesma coisa. Inclusive a mesma realidade: a tragédia que se abateu sobre o Rio, em poucos meses, vai para a gaveta do esquecimento. É brutal, mas vai ser assim. Ninguém mais fala sobre as enchentes e mortes em Itajaí, nas mortes de Paraty, ou dos últimos deslizamentos, ano passado, no Rio, entre outras tantas catástrofes ditas “naturais”.

Só que uma grande parte é culpa nossa. De omissões e descaso do poder público, da falta de políticas públicas com saneamento, moradias, transporte, urbanização, entre diversos outros itens responsáveis por uma qualidade de vida e, porque não dizer, cidadania.

Continuamos invadindo as encostas dos morros, as várzeas dos rios, que são transformados em esgoto. Ocupamos as praias. Derrubamos árvores, entupimos lagoas, concretamos e asfaltamos tudo. A terra nas cidades já não respira. Sufoca.

Amontoados de casas penduradas nas encostas fazem parte da realidade brasileira. Casebres nascem, a cada dia, como se brotassem do chão como cogumelos. Primeiro, construções em papelão, plásticos ou similares, depois bloco, e, em pouco tempo laje com primeiro e segundo andar.

O poder público assiste a tudo. A sociedade não cobra. A classe dominante não liga. E quando chega a oportunidade de mudar através do voto, o povo se deixa iludir. E, aí, tudo retorna ao problema principal – educação.

sábado, 3 de abril de 2010

Paraíso ameaçado

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Composto por 36 ilhas, o único município insular do Brasil é baiano. A sede do município, a cidade de Cairu, está situada a aproximadamente 150 quilômetros ao sul de Salvador. A região apresenta uma grande diversidade de ecossistemas e é de uma beleza estonteante.

Em 1992 foi criada a APA (Área de Preservação Ambiental) Tinharé-Boipeba, nome das duas ilhas mais visitadas do município, com o objetivo de preservar todo o rico acervo natural da região. Inserida no Corredor Central da Mata Atlântica, ela é reconhecida pela UNESCO como Reserva da Biosfera e Patrimônio da Humanidade.

Cairu, sede do município, surgiu durante o povoamento da capitania de Ilhéus e, em 1608 com o nome de Vila de Nossa Senhora de Rosário de Cairu, era uma das mais importantes vilas da Colônia. Foi palco de batalhas sangrentas com os índios Aimorés, habitantes da região. Muitos colonos preferiram habitar as ilhas próximas como melhor forma de defesa dos ataques indígenas. Isso provocou o surgimento de vilarejos em diversos pontos do arquipélago, como Velha Boipeba na ilha de Boipeba e Morro de São Paulo, na ilha de Tinharé.

Na segunda metade do século XVIII, a exploração de madeira e farinha era tão importante que Cairu chegou a contribuir com a reconstrução de Lisboa, após o terremoto e maremoto de 1756. Em 1870, o desmatamento alcançou um nível tão intenso, com lucros tão grandes que, a Coroa nomeou um Juiz Corregedor das Matas para disciplinar o corte da madeira na região. Porém, o controle não surtiu efeito e, vinte anos mais tarde, a Coroa tombou o remanescente da Mata Atlântica.

Esse detalhe demonstra a enorme problemática que continua a ameaçar a região ao longo dos anos. As ilhas sofrem degradação constante através da ação do ser humano. É o desmatamento, a pesca predatória, a caça ilegal e o advento do turismo.

Embora de importância fundamental para a sobrevivência e a própria manutenção econômica, o turismo traz diversos problemas para a região. Dentre esses problemas, podem-se destacar as construções ilegais, que avançam sobre áreas que deveriam ser preservadas e a produção de lixo.

Em breve visita às duas principais ilhas, Tinharé e Boipeba, que contam com maior fluxo turístico, temos, por exemplo, em Morro de São Paulo, a grande ocupação por construções ilegais até beira-mar. Durante a maré cheia, torna-se impossível andar por algumas praias, tal a sua ocupação. São construções de alvenaria destinadas a atender o turista. Já não resta mais espaço para a desova de tartarugas marinhas e, em muitos locais, o mar, em sua luta, tenta resgatar o que lhe tiraram, ameaçando derrubar algumas construções.

Também em Morro de São Paulo, embora fique restrito à periferia da cidade, nota-se que o trânsito de veículos está cada dia mais intenso. Em algumas pousadas, o barulho dos motores já serve como despertador para os hóspedes. Estes carros são, em sua maioria, também dedicados ao transporte de turistas.

Mas é o lixo que aflige todas as ilhas habitadas e, principalmente, as mais visitadas pelos turistas. Na época de alta estação, o número de visitantes faz com que a quantidade de lixo produzida torne-se um problema ainda maior. Não existem números.

No momento tudo é descartado em “lixões”, ou seja, áreas onde tudo é retirado das vistas dos moradores e turistas e depositados amontoados, contaminando o subsolo, matando alguns animais e aumentando a população de outros, como ratos por exemplo.

Existem algumas ações procurando sensibilizar os moradores para o grande problema provocado pelo lixo, bem como alguma reciclagem. Estudantes de turismo e associações realizam anualmente mutirões de limpeza nas praias, mangues e ruas.

Os dados abaixo, sobre o tempo de decomposição de alguns materiais, expõem a grande problemática do mundo, principalmente o de paraísos ecológicos, responsáveis por manutenção de ecossistemas para a prosperidade. Tudo apontando para a necessidade de investimentos, sensibilização e capacitação humana com a finalidade de solucionar o grande problema chamado LIXO.


Alguns números sobre o tempo de decomposição de materiais:
• Isopor não degrada naturalmente
• Lata de alumínio de 200 a 500 anos, e algumas fontes citam até 1000 anos
• Nylon 650 anos
• Plástico aproximadamente 450 anos
• Latas de conserva 100 anos
• Copos de plástico 50 anos
• Madeira pintada 13 anos
• Latas de aço 10 anos
• Chicletes 5 anos
• Filtro de cigarro 2 anos
• Cascas de frutas de 1 a 3 meses

sexta-feira, 26 de março de 2010

“O fugitivo”

Texto: Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

“O fugitivo” é o título de um filme americano que tem como tema central um médico, representado por David Janssen em sua primeira versão e Harrison Ford na segunda, acusado de estuprar e matar a própria esposa. Mesmo alegando inocência e, sem provas contundentes, ele foi condenado em virtude da apresentação de evidências. Conseguiu escapar da prisão após um acidente de carro que o conduzia e, durante sua fuga, procurava incansavelmente por um homem de um braço só, que afirmava ter visto na cena do crime. Perseguido por toda polícia, tinha um agente em especial que colocou a captura do fugitivo como meta em sua vida. O filme principal foi em seguida transformado em série de televisão dos anos 60.

Na vida real, este drama foi vivido por uma família americana, classe média alta. Eles tinham um filho. O médico nunca conseguiu provar sua afirmação sobre a existência de uma terceira pessoa, que seria segundo ele, o verdadeiro algoz de sua esposa. Ninguém acreditava na versão de um indivíduo ter invadido a casa do casal, estuprado e, em seguida, assassinado a vítima em poucos minutos. Principalmente por se tratar de uma pessoa deficiente física - sem um braço.

O fugitivo, como ficou conhecido, morreu na prisão. Seu filho nunca aceitou a versão da polícia e a condenação de seu pai mas, só conseguiu provar a inocência dele, com o surgimento do exame de DNA. Tarde demais, pois seu pai já havia falecido.

Esse foi apenas um caso famoso, transformado em reality show pela mídia, entre tantos outros anônimos, comprado pelo público por toda sua carga emotiva e representatividade do momento vivido pela sociedade. O médico já havia sido condenado mesmo antes do julgamento. Uma família dilacerada sem chance de se recompor.

Estamos mais uma vez diante de fato parecido. O casal Nardoni. O julgamento ainda não terminou e, na verdade, não importa se serão ou não inocentados. Não quero defendê-los, tão pouco acusá-los. Não me sinto em condições de julgá-los. Quero apenas deixar, plantado em nossos corações, o beneficio da dúvida.

Nada trará de volta a menina Isabella. Essa é a única verdade.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Tem hora pra tudo

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Ávidos de informações, ligamos a televisão para assistir a um noticiário. De repente, no meio do programa, aparece um clone de Ana Maria Braga fazendo bolinhos de feijão e de outro alguém mais, comentando a moda da próxima estação.

Fico pensando se é correto, durante um programa que se propõe a passar notícias do Brasil e do mundo, em já escassos 30 minutos, os editores encontrarem ainda, como por milagre, tempo para ensinar a fazer bolinhos de feijão...

Temos, na televisão, 24 horas de programações “light” com espaços dedicados a todo tipo de entretenimento digamos, descompromissados. Porque usar o pouco tempo reservado para situar o povo brasileiro na realidade contemporânea, informando assuntos de grande relevância, com assuntos tão banais? Acredito que as pessoas, ao assistir noticiários, estão à procura de informações que mexem com o mundo e, nem um pouco preocupados com receitas ou moda.

As emissoras de televisão precisam perceber que existe outro público - um espectador em busca de informação séria, dos problemas que afligem a humanidade, do conhecimento geral, da economia, entre outras coisas. Será que não tem mais nada importante acontecendo no planeta, suficiente para preencher este pouco tempo reservado aos noticiários?

Sinto-me frustrada e acredito que, como eu, milhões de brasileiros que, por um motivo ou outro, não dispõem de canal fechado. Considero um desserviço e um insulto a nossa inteligência, preencher esses raros espaços que deveriam estar “recheados” de informações importantes, com futilidades e matérias baratas de gaveta.

Registro aqui meu protesto esperando que, algum dia, o povo brasileiro possa contar com emissoras de televisão preocupadas, de fato, em passar um retrato da realidade, situando a população no espaço e tempo da atualidade mundial. Emissoras preocupadas com a qualidade de sua programação, que tenham consciência de seu poder como mídia e conseqüente responsabilidade social. Esse seria um grande passo para o desenvolvimento do nosso país, cuja população está tão carente de conhecimento.

sábado, 13 de março de 2010

Refletindo sobre “cotas”

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Há mais de 10 anos o sistema de cotas para ingresso nas universidades brasileiras é lei e tema de discussão. O assunto se tornou uma grande polêmica, fornecendo estopim para debates calorosos, solicitação de liminares dos prejudicados pelo sistema e, até agora, não existe um consenso sobre o assunto.

A explicação para implantação de cotas não convence e não justifica que, em um país multirracial, a população seja obrigada a definir a que etnia pertence. O que define isso? Porque uma pessoa é obrigada a optar pela raça A, B, C ou D? A quem cabe esta decisão? Quais os parâmetros utilizados para tanto?

Fomos testemunha, através da mídia, de dois irmãos que fizeram opções diferentes e, como premio, o que optou por se declarar negro entrou na faculdade pelo sistema de cotas, enquanto o outro não.

Pessoalmente, considero toda essa situação um desvio do que deveria ser o foco principal do problema: a qualidade do ensino nas escolas públicas brasileira. Esse, sim, é o verdadeiro calcanhar de Aquiles.

Igualdade se faz a partir da educação e não de cotas. Igualdade se faz com oportunidades iguais para todos.

Se todo nosso esforço, ao longo desses mais de 10 anos, fosse voltado para a melhoria da educação, provavelmente, em pouco tempo, seria possível efetivar o sonho da igualdade ou, ao menos, minimizar as diferenças socioeconômicas brasileira. Miséria, pobreza e a falta de oportunidades, não têm etnia, não tem cor. O que tem é a falta de políticas públicas e os respectivos investimentos necessários à educação.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Em defesa de Geni

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Geni, figura imortalizada na música de Chico Buarque de Holanda, de certa forma, me lembra a nossa Policia Militar.

Para evitar qualquer especulação, não sou militar, nunca fui, nem tenho parentes na polícia. Simplesmente acompanho com olhar crítico o trabalho, procuro me inteirar dos problemas enfrentados no dia a dia pelos policiais e leio as matérias veiculadas na mídia.

É um misto de revolta por certas atitudes de alguns integrantes da corporação e, o aplauso, pela atuação de muitos outros. Revolta quando temos notícias da truculência, do despreparo e de bandidos que se aproveitam do fardamento para efetuar crimes. Aplauso pela coragem, abnegação, respeito e educação de tantos outros que, geralmente, não são mencionados pela mídia e, portanto, não alcançam o reconhecimento popular.

Hoje, na Bahia, temos aproximadamente 30 mil integrantes da Policia Militar. Dentro desse número de pessoas, existem os bandidos e os mocinhos, em amostragem semelhante á própria população a que eles pertencem. Esses policiais são responsáveis pela segurança ostensiva, salvamentos de pessoas e animais, combate a incêndios, dentre outras atividades.

Nas ruas, a qualquer hora do dia ou, principalmente, altas horas da noite, se você procurar um integrante do poder público, certamente o único provável de ser visto, será um policial militar. É a ele que toda a população, ao enfrentar qualquer problema, se dirige e exige que seja tomada uma atitude.

Infelizmente, o que não atentamos é de como este cidadão fardado vem para as ruas sem um preparo adequado para atender a sociedade. A maioria das pessoas não sabe que um policial militar, aqui na Bahia, vem exercer sua função com apenas 6 a 9 meses de curso preparatório, enquanto que, em São Paulo, o tempo de treinamento é de 1 ano e nove meses. Atirar por exemplo, é algo difícil, de grande responsabilidade, mas, no entanto, o policial recebe uma arma e, na maioria das vezes, pasmem, sem ter efetuado um único tiro.
O que podemos esperar de uma corporação tão importante se nós não exigimos dos nossos governantes que a mesma seja tratada com a atenção necessária? Afinal, nossa segurança e, porque não dizer, nossas vidas estão nas mãos destes indivíduos.

Em vez de cobrarmos apenas do policial, que na verdade é apenas a base da pirâmide, temos que cobrar dos que põem pessoas despreparadas nas ruas com armas na mão. Temos que exigir que a corporação que cuida da nossa segurança seja tratada com o devido respeito.

Temos que exigir que o policial militar tenha treinamento, remuneração adequada e que a policia receba verba necessária para equipamentos modernos. Temos que amadurecer como cidadãos e exigir que sejamos respeitados. Porque o policial militar em São Paulo é mais treinado e recebe remuneração melhor do que aqui?
Somos cidadãos de 2ª categoria?

O que não podemos e não devemos continuar a fazer, é ficar jogando pedras na Policia Militar como se ela fosse a Geni de Chico. Vamos dirigir nossas críticas e reivindicações a quem de direito.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Nós, os animais brutos

Texto e foto: Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

O mundo foi surpreendido há pouco tempo pela revelação de que um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global é a criação de gado. Além disso, para se produzir um quilo de carne é necessário uma grande quantidade de alimento que, por sua vez, demanda um enorme espaço físico para sua produção. Se o mesmo espaço fosse utilizado na produção de grãos para a alimentação humana, não teríamos fome no mundo e, de quebra, diminuiríamos o buraco na camada de ozônio.

Também não atentamos para a forma como os animais são transportados e a falta de sensibilidade com que são abatidos. Se as pessoas tivessem a possibilidade ou a coragem para assistir o sofrimento desses animais, pensariam duas vezes antes de saborear um churrasco, por exemplo.

Em diversos países, o transporte e abate dos animais é feito sob rígido controle. Os animais não devem sofrer, ou melhor, seu sofrimento deve ser minimizado ao máximo. O transporte de carga viva é controlado pela própria população, que exige informações sobre a procedência da carne - o que obriga a fixação de placas informativas nos estabelecimentos comerciais. O motivo é não provocar estresse e sofrimento desnecessário, com longos períodos de transporte dos animais, que comprometem, inclusive, a qualidade da carne.

Aqui no Brasil, ainda se discute se animal doméstico tem direitos, quais são, e não conseguimos, sequer, legislar sobre o assunto. Somos, de tempos em tempos, surpreendidos com imagens chocantes de maus tratos aos animais.

Animais domésticos são abandonados nas ruas e estradas. Pessoas que deveriam servir de espelho para o povo são surpreendidas praticando “esportes” como rinha de galo, que é proibida no Brasil. Outros se divertem com “briga de cachorros” ou de “canários da terra”, também proibidos em nosso país. Bois são soltos nas ruas, perseguidos e feridos. Alguns acham engraçado atiçarem cachorros contra gatos. A lista de perversidades, denotando a falta de sensibilidade e a pouca fiscalização do poder público é enorme.

Não podemos esquecer, também, as vultuosas somas de dinheiro que correm na prática de alguns destes “esportes”, denominados por seus praticantes como “cultura” e que, segundo eles, como tal, não deveria ser proibidos.

Pergunto-me, então, os gladiadores também não eram cultura? O que houve com eles? É simples a resposta: evolução da civilização, pois certas coisas, realmente, já eram. Não tem mais espaço nos dias atuais.

O desenvolvimento da civilização e novos conhecimentos apontam para constantes debates éticos sobre o assunto. Se não houvesse evolução, estaríamos ainda, com certeza, nos matando publicamente nas arenas para o deleite de alguns.

Não estou querendo convencer ninguém a deixar de comer carne, muito embora acredito ser esse o futuro. Estou apenas tentando provocar uma reflexão sobre o assunto e também sobre o direito dos animais, independentemente de serem eles, domésticos ou silvestres. São todos seres vivos que sentem dor, que têm direto a vida e, se necessário, a uma morte digna, com o menor sofrimento possível.


Cachorro na Praça da Sé-Salvador, em 26/02/2010.



Alguns textos de personalidades conhecidas:

"Todos os seres vivos buscam a felicidade; direcione sua compaixão para todos."-Mahavamsa (Budista)

"Nossa tarefa deveria ser nos libertarmos ... aumentando o nosso círculo de compaixão para envolver todas as criaturas viventes, toda a natureza e sua beleza." - Albert Einstein (fisico, Nobel 1921)

"Não comer carne significa muito mais para mim que uma simples defesa do meu organismo; é um gesto simbólico da minha vontade de viver em harmonia com a natureza. O homem precisa de um novo tipo de relação com a natureza, uma relação que seja de integração em vez de domínio, uma relação de ser dentro dela em vez de possuí-la. Não comer carne simboliza respeito à vida universal." Pierre Weil

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A ditadura do carnaval

Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Semanas antes do carnaval o caos já começa a se instalar em Salvador. O trânsito fica insuportável em virtude do vai e vem de veículos transportando material para tapumes, camarotes, decoração, entre outros. A cidade fica engessada.

Mas, é durante o festejo que o cidadão, residente próximo e na passagem dos trios, é obrigado a abandonar sua casa ou a conviver com o mau cheiro de lixo, dejetos humanos e com o barulho ensurdecedor dos trios. Pessoas idosas ou doentes? Pouco importa. Ninguém pergunta se têm condições físicas, psíquicas ou financeiras para saírem durante uma semana de seus lares. O direito de ir e vir não se aplica aos que residem no percurso da festa.

Eu sempre me pergunto se é justa a ditadura do carnaval. Se não seria possível conciliar a alegria da festa, com o bem estar e o respeito aos direitos do cidadão, os quais são, praticamente, suspensos durante o reinado momesco.

É sempre estranho verificar como tudo tem dois pesos e duas medidas, de acordo com as épocas ou conveniências. Há poucos dias, duas turistas foram abordadas no Porto da Barra por estarem de topless... E o que acontece no carnaval? São seios diferentes?

Um grupo de turistas, no aeroporto do Rio de Janeiro, foi preso e processado por terem ficado de roupas intimas em um canto do saguão, enquanto trocavam de roupa. Foi um verdadeiro absurdo, digno de noticiário nacional e internacional. Quanta moralidade!

O nudismo é diferente durante o período do carnaval? Ou tudo isto é uma grande hipocrisia?

O cidadão deve obedecer leis durante todo o ano. Ele também deve ser respeitado durante todo o ano. Uma festa não pode e não deve motivar a suspensão dos direitos e das leis de uma convivência social. Não podemos admitir que a alegria de alguns se transforme no inferno de outros.

Estranhamente na mídia, só se ouve falar da alegria, da música e só se contabilizam os lucros. A cobertura jornalística não aborda e, parece até temerosa, em colocar para a opinião pública, o outro lado. O lado do silêncio, do sofrimento, dos prejuízos, das mega quantias investidas. Estes são esquecidos, omitidos ou relegados a um segundo plano.

Nem todo comércio pode festejar a passagem do carnaval. Muitos passam por graves problemas financeiros. Vem seus estabelecimentos fechados ou paralisados durante uma semana, em um mês que já é curto. Como fazer frente às despesas fixas?

Acredito que toda essa problemática, dentre outras, deva ser levantada pelos formadores de opinião e colocada para reflexão geral. É preciso enxergar o outro lado da festa. Chega de macro cobertura jornalística, onde tudo é oba-oba.

E, por último não vamos esquecer que o seu direito termina onde começa o do próximo!