Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com
Um colega foi assaltado por três indivíduos, armados com faca, às 22:15, ao sair da faculdade. Levaram dois livros da biblioteca da escola, diversas anotações, uma calculadora, pendrive, celular, canetas e caderno. Nenhuma novidade nessa ocorrência. Não é motivo de nota na mídia pois isso faz parte do dia a dia de Salvador e de outras cidades brasileiras.
Diariamente, centenas de pessoas são assaltadas a qualquer hora ou lugar e, é tão comum, que ninguém presta queixa em uma delegacia. Por outro lado, a falta de registro das ocorrências faz com que as estatísticas não apontem os números reais e o resultado são quantidades, digamos, aceitáveis de assaltos e a não localização dos locais com maior incidência de delitos.
Em contrapartida, somos bombardeados, diariamente, com diversos conselhos sobre como devemos nos comportar para evitar ser mais um no número das estatísticas policiais. As informações chegam por internet, mídia escrita ou televisiva, tipo:
• Não pare na sinaleira do lado do passeio;
• Ande com o vidro do carro fechado;
• Não se aproxime do seu carro se notar alguém estranho nas proximidades;
• Preste atenção se não está sendo seguido;
• Antes de abrir a porta de sua casa, veja se não tem algum estranho por perto;
• Use a bolsa ou mochila na sua frente e segure com firmeza;
• Não passe por ruas escuras;
• Não use celular na rua;
• Não ande distraído;
A lista não tem mais fim. Cresce a cada dia.
É mais fácil para o poder público tornar o cidadão comum paranóico, do que fornecer a segurança que lhe é garantida pela constituição brasileira. O medo e a desconfiança estão estampados no rosto das pessoas. Não temos mais direito em passear pelas ruas de forma despreocupada. Não podemos mais sair. Estamos prisioneiros de um sistema falido por falta de gestão.
E, como se tudo isso não bastasse, caso você seja assaltado e resolva prestar queixa, não se admire quando o policial que ouvir seu depoimento lhe perguntar: e o que você estava fazendo neste lugar, a esta hora? Ou seja, se você não estivesse lá, nada teria acontecido - a culpa é sua.
sábado, 1 de maio de 2010
Assaltado ? – A culpa é sua!
Marcadores:
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falta de gestão pública,
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violencia urbana
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Infelizmente essa matéria mostra a realidade das nossas delegacias, profissionais mal remunerados e capacitados, um sistema de segurança pública fálido.
ResponderExcluirRick Castro F2J