segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Reflexões no Dia Nacional dos Aposentados

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Todos os jovens de hoje esquecem que algum dia, se sobreviverem, serão velhinhos e aposentados. Sempre quando penso nisso, recordo também da minha juventude. Achava tudo tão distante, irreal, como se fosse alguma ameaça que talvez nunca se concretizasse.

Mas, é incrível como o tempo passa rápido. A velocidade aumenta a cada dia vivido. Um psicólogo explicou esse fato e até hoje, acredito ser a mais próxima da realidade – quando se é jovem, tudo é novo, muita coisa a aprender, a vivenciar, lembrou o medico. Isso faz com que o dia pareça uma eternidade. Com o tempo resta pouco a aprender no cotidiano. As novidades são raras. É sempre um “déjà vu”. Então o dia passa em uma velocidade estonteante e, com ele, os meses, os anos.

Os cabelos ficam brancos e as rugas aparecem. O corpo toma forma diferente, puxada pela força de atração do solo – tudo caí. A saúde também dá seus sinais de que o organismo já trabalhou muito. Carburador entupido. Pneus gastos. Amortecedores em frangalhos. Fazer o quê? Na realidade, quando chegamos a certa idade e olhamos para trás, vemos quantos amigos e amigas não nos acompanharam nessa jornada. Cada dia que vivemos é um presente. Um bilhete premiado.

É nesse sentido que penso em como é injusto o sistema previdenciário. O aposentado contribui toda a vida, chega nessa fase e não consegue receber o suficiente para sua manutenção. Logo nessa fase em que o organismo mais necessita de cuidados, o governo procura com artimanhas do tipo fator previdenciário, tirar o que pode do aposentado. Não é justo e chega até a imoralidade. Os políticos, responsáveis pela aprovação das leis, vão receber aposentadorias diferenciadas e polpudas, e esquecem-se da realidade da maioria da população brasileira.

Hoje os jovens têm mais informação do que as que eu recebia em minha juventude. Com elas vem também a consciência da realidade de como é rápida a passagem da juventude para a velhice. Por esse motivo acredito que todos os jovens deveriam se unir aos aposentados, hoje, e exigir do governo tratamento digno e justo aos integrantes da 3ª idade. Os jovens não devem esquecer que têm chances de se tornar os velhos de amanhã - pensem nisso.

domingo, 23 de janeiro de 2011

A quem interessa Cesare Battisti

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com

Alguns políticos brasileiros defendem Cesare Battisti com muita veemência. Fico à procura de algum motivo que explique essa posição. Será que ele tem algum conhecimento importante na área social, econômica, física ou química? O que ele já fez ao fará pelo Brasil que valha a pena mantê-lo aqui? Procuro por alguma contribuição de Battisti a nossa nação e não encontro nenhuma.

Acredito que como eu, todos os brasileiros, ou uma grande parte deles, também procura entender o posicionamento político de nosso país. O custo para manter o italiano preso, que com certeza não é pequeno, é pago pelo contribuinte brasileiro. Além disso, vemos nossa imagem arranhada.

Algumas autoridades brasileiras insistem em manter em território nacional um individuo julgado como criminoso na Itália, país democrático, que respeita as convenções de direitos humanos. Ao apagar das luzes Lula assinou a não extradição de Cesare Battisti, deixando o “abacaxi” para a presidente Dilma. A manutenção desse cidadão italiano em solo brasileiro virou jogo de empurra, sem explicação convincente de quais seriam os verdadeiros motivos da não extradição.

Alegar que Cesare Battisti é perseguido político, não convence ninguém. Significa dizer que a Itália não é um país democrático. Sem esquecer, também, que o parlamento europeu aprovou por 86 votos a 3 a solicitação que a Itália fez ao Brasil de extraditar Battisti. Por conseguinte, toda a Europa não é democrática na visão de, repito, alguns políticos brasileiros.

A única explicação que encontrei foi a ideológica – o fato de Battisti pertencer ao partido comunista e ter participado de luta armada na Itália. Isso teria atraído a empatia de pessoas que se identificam com a situação vivida pelo italiano.

Como brasileira, sinto vergonha e estou indignada de estar dando guarita a um individuo que assassinou quatro pessoas na Itália. Terrorismo é algo abominável. Matar pessoas inocentes é assassinato cruel, sem chance de defesa.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

As construções invadiram o rio

Texto Magda Kaufmann
magdakaufmann@hotmail.com


Estava assistindo ao noticiário televisivo em companhia de um amigo muito ligado a natureza. As imagens mostradas entristeciam qualquer pessoa - famílias inteiras haviam perdido tudo, do pouco que possuíam, em mais uma enchente, em mais uma encosta que cedeu. As águas invadiram as residenciais, os comércios e as ruas foram transformadas em rios caudalosos, com carros e pessoas sendo arrastadas pelas correntezas. Famílias soterradas pelas encostas. Construções desabaram. Em uma palavra - chocante.

O repórter enfatizava o fato de o rio haver invadido as casas quando, de repente, um comentário desse meu amigo caiu como um balde de água fria na minha cabeça - “eles ficam acusando o rio e as chuvas de terem invadido as casas. Na verdade foram as casas que invadiram o rio”. É óbvio que era aí que se encerrava o problema, mas, sempre olhamos tudo por outro ângulo – a culpa é do rio. Mas, o rio já estava lá com sua várzea, antes das casas serem sequer sonhadas. Todos sabem disso, ou pelo menos, deveriam saber.

Como é possível que se permita a construção em espaços que com certeza, mais cedo ou mais tarde, podem ser tragados pela terra ou inundados por alguma enchente, mesmo que isso demore 30 ou 50 anos? As enchentes, assim como as secas, são cíclicas e conhecidas pelas autoridades através de seus dados estatísticos. É uma verdade que todos esquecem. Principalmente os órgãos públicos que deveriam cuidar para que isso não ocorresse.

Não existe justificativa aceitável para essa inércia das prefeituras. Temos secretarias especificas, ocupadas por técnicos capazes, ou que deveriam ser capazes, responsáveis pela ocupação do solo, e elas deveriam estar atentas aos locais que podem ou não ser construídos. No entanto, o que vemos, são casas brotando diariamente em espaços inadequados, sem qualquer técnica ou estudo, onde, de tempos em tempos, vidas são ceifadas, bens materiais são perdidos. Existências são inexoravelmente apagadas, mesmo a dos que sobrevivem a essas catástrofes.

Mas, não obstante tudo isso, para “agradar” ao eleitor, as prefeituras constroem ruas, iluminam, canalizam água e, principalmente, cobram imposto predial territorial urbano de áreas que não deveriam nunca ter sido construídas.

As perguntas que não querem calar são - para que servem as secretarias municipais que deveriam cuidar da ocupação do solo e, quem são os responsáveis por essas tragédias previstas. Até quando vamos chorar os mortos e amargar os prejuízos sem que se procure corrigir os erros e responsabilizar os verdadeiros culpados que são as omissões dos órgãos municipais e não as chuvas, ou os rios.