quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Lojas fechadas no aeroporto de Salvador – quem perde e quem ganha

Por Magda Kaufmann

Lojistas e funcionários do aeroporto estão consternados e, além de protestarem, oferecem solidariedade aos lojistas que, após anos de investimento em seus estabelecimentos comerciais, estão sendo obrigados a fecharem suas portas. Hoje quarta-feira(18), uma joalheria tradicional da Bahia, a Gerson e, a também tradicional Livraria do Aeroporto no embarque internacional, foram literalmente, despejadas pela INFRAERO. Não é apenas o espaço físico que o empresário perde - é o intangível – a construção de uma marca e fidelização de clientes.

Toda essa história começa com o Tribunal de Contas da União que obriga a INFRAERO a proceder com licitação dos espaços comerciais, sob a alegação de que todos devem ter chance de trabalhar esses pontos.

Porém, na realidade o que vai acontecer é totalmente diferente. A licitação é para permanecer apenas por 5 (cinco) anos no local e, para ganhar, é preciso oferecer o maior lance de aluguel.

Bem, até aí todos vão pensar - tudo bem. Mas refletindo sobre o assunto, pode-se perceber que o único sentido será uma busca desenfreada por lucros imediatos. A empresa só vai permanecer por período de cinco anos no local e portanto não terá interesse em fidelização de clientes. Significa que no final, quem vai pagar esse "maior lance" não é o empresário - é o consumidor, ou seja, você!

Além disso, a permanência por apenas cinco anos em uma loja tem um custo muito alto. Para a construção de um pequeno estabelecimento comercial no padrão exigido pela INFRAERO é necessário investir, no mínimo, R$ 100.000,00 (cem mil reais) entre projeto e obra. Só isso, já representa um custo anual de R$20.000,00 (vinte mil). Somando então, a escalada de alugueis através do leilão, digo licitação, encargos diversos, salários e todas as despesas decorrentes do funcionamento de um estabelecimento comercial, dá para se fazer idéia do custo mensal para manutenção de um espaço comercial no aeroporto.

E tem mais - esse procedimento vai fazer com que apenas grandes firmas permaneçam no aeroporto o que terá, como conseqüência, a perda de identidade – todos os aeroportos do Brasil terão as mesmas lojas de grandes grupos. Isso influenciará também, indiretamente, pequenos artesões que produzem seus materiais para algumas lojas do aeroporto de Salvador e que vão deixar de trabalhar ou diminuir consideravelmente a produção.

O lucro gerado por grandes grupos também não permanece na cidade. É tudo canalizado para outros estados onde têm sede. Então, a área do aeroporto vai ficar reduzida a mera exposição e comercialização de produtos vindos de outras regiões. Não vai gerar produção no local e a renda gerada pelos espaços comerciais será apenas a nível funcional e pagamento de alguns impostos, o que além de tudo que já foi enumerado acima, já acontece hoje.

Em suma, o fechamento das lojas do aeroporto de Salvador terá, forçosamente, conseqüência na economia de muitas famílias, na identidade baiana do local e no bolso de quem vai pagar a conta - o consumidor.

Persiste a pergunta para reflexão – quem ganha e quem perde com o fechamento das lojas do Aeroporto Dep. Luis Eduardo Magalhães?

Um comentário:

  1. Disse tudo, numa síntese perfeita. É isso aí, desfavorecendo a cultura de cada Estado ou Região e elevando os preços dos produtos vendidos. Não existe inocentes neste país, entre o TCU, Infraero, etc e tal, alguém estará lucrando às custas do otário do contribuinte.
    Fernando Sampaio
    Salvador - Ba

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