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O mundo foi surpreendido há pouco tempo pela revelação de que um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global é a criação de gado. Além disso, para se produzir um quilo de carne é necessário uma grande quantidade de alimento que, por sua vez, demanda um enorme espaço físico para sua produção. Se o mesmo espaço fosse utilizado na produção de grãos para a alimentação humana, não teríamos fome no mundo e, de quebra, diminuiríamos o buraco na camada de ozônio.
Também não atentamos para a forma como os animais são transportados e a falta de sensibilidade com que são abatidos. Se as pessoas tivessem a possibilidade ou a coragem para assistir o sofrimento desses animais, pensariam duas vezes antes de saborear um churrasco, por exemplo.
Em diversos países, o transporte e abate dos animais é feito sob rígido controle. Os animais não devem sofrer, ou melhor, seu sofrimento deve ser minimizado ao máximo. O transporte de carga viva é controlado pela própria população, que exige informações sobre a procedência da carne - o que obriga a fixação de placas informativas nos estabelecimentos comerciais. O motivo é não provocar estresse e sofrimento desnecessário, com longos períodos de transporte dos animais, que comprometem, inclusive, a qualidade da carne.
Aqui no Brasil, ainda se discute se animal doméstico tem direitos, quais são, e não conseguimos, sequer, legislar sobre o assunto. Somos, de tempos em tempos, surpreendidos com imagens chocantes de maus tratos aos animais.
Animais domésticos são abandonados nas ruas e estradas. Pessoas que deveriam servir de espelho para o povo são surpreendidas praticando “esportes” como rinha de galo, que é proibida no Brasil. Outros se divertem com “briga de cachorros” ou de “canários da terra”, também proibidos em nosso país. Bois são soltos nas ruas, perseguidos e feridos. Alguns acham engraçado atiçarem cachorros contra gatos. A lista de perversidades, denotando a falta de sensibilidade e a pouca fiscalização do poder público é enorme.
Não podemos esquecer, também, as vultuosas somas de dinheiro que correm na prática de alguns destes “esportes”, denominados por seus praticantes como “cultura” e que, segundo eles, como tal, não deveria ser proibidos.
Pergunto-me, então, os gladiadores também não eram cultura? O que houve com eles? É simples a resposta: evolução da civilização, pois certas coisas, realmente, já eram. Não tem mais espaço nos dias atuais.
O desenvolvimento da civilização e novos conhecimentos apontam para constantes debates éticos sobre o assunto. Se não houvesse evolução, estaríamos ainda, com certeza, nos matando publicamente nas arenas para o deleite de alguns.
Não estou querendo convencer ninguém a deixar de comer carne, muito embora acredito ser esse o futuro. Estou apenas tentando provocar uma reflexão sobre o assunto e também sobre o direito dos animais, independentemente de serem eles, domésticos ou silvestres. São todos seres vivos que sentem dor, que têm direto a vida e, se necessário, a uma morte digna, com o menor sofrimento possível.

Cachorro na Praça da Sé-Salvador, em 26/02/2010.
Alguns textos de personalidades conhecidas:
"Todos os seres vivos buscam a felicidade; direcione sua compaixão para todos."-Mahavamsa (Budista)
"Nossa tarefa deveria ser nos libertarmos ... aumentando o nosso círculo de compaixão para envolver todas as criaturas viventes, toda a natureza e sua beleza." - Albert Einstein (fisico, Nobel 1921)
"Não comer carne significa muito mais para mim que uma simples defesa do meu organismo; é um gesto simbólico da minha vontade de viver em harmonia com a natureza. O homem precisa de um novo tipo de relação com a natureza, uma relação que seja de integração em vez de domínio, uma relação de ser dentro dela em vez de possuí-la. Não comer carne simboliza respeito à vida universal." Pierre Weil